Desapontado com os resultados da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP25), o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a comunidade internacional perdeu uma importante oportunidade de mostrar maior ambição em atenuar, adaptar e buscar financiamento no enfrentamento da crise climática.

Em sua conta oficial no Twitter, a liderança da ONU expressou seus sentimentos se recusando a ver a Conferência realizada em Madri como uma derrota: “Estou mais determinado do que nunca a trabalhar para que 2020 seja um ano em que todos os países se comprometam a fazer o que a ciência nos diz ser necessário para atingir um mundo carbono neutro em 2050 e limitar o aumento da temperatura em até 1,5 graus”.

Finalizadas no último domingo (15), as negociações da COP25 encerraram um evento que viu muito progresso feito pelo setor privado e pelos governos nacionais, regionais e locais. No entanto, a conferência terminou sem um consenso geral sobre as ambições climáticas, gerando um sentimento de desapontamento nos participantes.

Os participantes chegaram a um acordo sobre algumas questões importantes, como capacitação, um programa de gênero e tecnologia na última sexta-feira (13), data prevista para o encerramento da conferência. Contudo, uma negociação geral foi suspensa devido a divergências quanto aos aspectos mais amplos e questões controversas que lidam com perdas e danos causados pelas mudanças climáticas provocadas pelo homem, bem como financiamento para adaptação.

Exauridos, os participantes trabalharam até sexta-feira à noite, a pedido da presidência chilena da COP, mas foi uma versão preliminar do texto divulgado na manhã de sábado (14) desapontou todas as partes envolvidas nas negociações, com representantes de ONGs e da sociedade civil descrevendo o documento como inaceitável e uma traição aos compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas.

Uma coletiva de imprensa foi realizada no sábado à tarde, quando os organizadores da COP explicaram que os negociadores ainda estavam trabalhando duro com o objetivo de “mostrar ao mundo que o multilateralismo funciona”. À noite, ainda sem sinal de acordo, a aclamada ativista de 16 anos e uma das palestrantes de destaque na Cúpula de Ação Climática realizada na sede da ONU em setembro, Greta Thunberg, se pronunciou no Twitter: “Parece que a COP25 em Madri está desmoronando agora. A ciência é clara, mas está sendo ignorada”.

Apesar da decepção com o conteúdo do documento final, vários anúncios foram feitos para indicar progresso durante a Conferência de duas semanas. A União Europeia, por exemplo, se comprometeu em neutralizar as emissões de carbono até 2050 e 73 países anunciaram que irão apresentar um plano de ação climática aprimorado ou contribuições nacionalmente determinadas (NDCs). Uma mobilização ambiciosa por uma economia mais limpa também ficou evidente em nível regional e local, com 14 regiões, 398 cidades, 786 empresas e 16 investidores trabalhando para alcançar zero de emissões de carbono até 2050.

As discussões realizadas durante a COP25 ampliaram o entendimento da ciência por trás da crise climática e a necessidade crítica de urgência. Em conjunto com o setor privado, o Pacto Global da ONU anunciou que 177 empresas concordaram em estabelecer metas climáticas com abordagens científicas alinhadas para limitar o aumento da temperatura global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e atingir o zero de emissões até 2050. Isso é o dobro do número de empresas que se comprometeram na Cúpula de Ação Climática, o que representa emissões do setor privado equivalentes ao total anual de emissões de CO2 da França.

Gaitas de fole escocesas foram ouvidas em Madri na sexta-feira, sinalizando a Conferência Climática do próximo ano, que será realizada em dezembro de 2020, em Glasgow, na Escócia. A COP26 vem sendo anunciada como um marco importante na luta contra as mudanças climáticas, já que é esperado dos países participantes uma apresentação de planos nacionais de clima atualizados que vão além dos compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris de 2015.

Fonte: ONU Brasil

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