Compartilhando saberes | universidade e comunidades

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O mundo globalizado permitiu que a cultura oriunda dos países do Norte seja o centro do conhecimento, de forma geral, ou seja, o saber global é “eurocêntrico”. Segundo Boaventura de Souza Santos, é preciso, portanto, se fazer um debate em torno da recuperação de saberes e práticas sociais que, por via do capitalismo e do colonialismo, foram postos na posição de serem apenas objetos ou matéria prima dos saberes dominantes, ou seja, de “saberes dominados”. Neste processo, surge a noção de “ecologia dos saberes”, como uma estratégia epistemológica e política para dialogar com os saberes dominantes e criar forças entre os “ saberes dominados”. O uso de termo “ecologia” significa a convivência harmoniosa entre saberes distintos, ou seja, o diálogo que inclui os saberes populares, camponeses, indígenas, urbanos, etc. Sabendo da importância da ciência e das técnicas no processo de globalização hierarquizado, é importante levar em conta o posicionamento dessas populações, detentoras do saberes populares, em relação ao conhecimento científico.

Baseado nesta ideia da Ecologia dos Saberes, o projeto propõe que os alunos bolsistas possam trocar experiências e informações com os jovens líderes comunitários de 100 comunidades do semiárido nordestino visando conhecer a realidade local e vice-versa, na tentativa de entender como se dá a co-geração de conhecimentos, respeitando a interculturalidade capaz de produzir uma “constelação de saberes”, materializando a ecologia dos saberes.

II – Participantes

Participam do projeto alunos dos cursos de Gastronomia, Geografia, Letras, Comunicação e Engenharia de Sistemas da UFRJ. Do semiárido, participam cerca de 80 comunidades, principalmente através de jovens líderes comunitários.

III – Atividades

O Planejamento das atividades foi realizado por meio de um seminário com a coordenação do projeto, parceiros e bolsistas para discussão sobre as etapas do projeto, definição das atividades, meio de controle e acompanhamento e cronograma de implantação.

Foram criados laços com os comunitários por meio de grupos nas redes sociais, fortalecendo a rede já criada em torno do projeto, com o objetivo estabelecer o processo da troca de conhecimentos.

Foram definidas 3 linhas de ação: Divulgação de resultados nas redes; cartografia social ; preconceito linguístico

IV – Divulgação e troca de resultados nas redes sociais (memórias do futuro)

Criada uma conta no Instagram para divulgar os resultados da primeira fase do projeto. Estão sendo apresentados os vídeos, receitas de comidas típicas, fotos, material feito pelos bolsistas da UFRJ e pelos comunitários.

V – Revista eletrônica

Ao final desta fase do projeto será editada uma revista virtual com as informações sobre os resultados alcançados, as fotos das receitas trocadas entre os alunos e comunitários. A proposta é que as receitas enviadas pelos comunitários do semiárido sejam feitas pelos alunos da Gastronomia da UFRJ sob a supervisão da disciplina “narrativa gastronômica”, e os jovens nordestinos façam o mesmo lá. Os produtos serão fotografados e divulgados na revista, valorizando a troca entre eles.

VI – Preconceito linguístico

Numa parceria com a Faculdade de Letras da UFRJ e a Universidade Federal de Alagoas estão sendo formados grupos de alunos que vão estudar as características de cada linguagem e trocar as experiências.

VII – Cartografia social

Os alunos da UFRJ fizeram a cartografia social, ou o mapa mental, da Cidade Universitária utilizando a metodologia da Faculdade de Geografia (checar). Esta metodologia foi repassada para os comunitários que estão fazendo a cartografia de suas comunidades. Esses resultados estarão divulgados na Revista Eletrônica e no Instagram “memoriasdofuturo”. A ideia é que seja feita a troca de conhecimentos, de saberes e de culturas, conforme o a definição da ecologia dos saberes.

Cartografias produzidas pelas comunidades